quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PF prende PMs e policiais civis suspeitos de ajudar traficantes a fugir da Rocinha

Agentes davam proteção aos bandidos conhecidos como Coelho e Lindinho. Armas e granadas foram apreendidas

A Polícia Federal prendeu na tarde desta quarta-feira (9) policiais civis e militares suspeitos de escoltar dois traficantes que fugiam da favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. As prisões ocorreram na Gávea, na mesma região. No total, dez pessoas foram presas, entre eles três policiais civis, um PM aposentado e um ex-policial militar expulso da corporação.
A ação contou com o apoio da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, da Subsecretaria de Inteligência e da Superintendência de Inteligência do Sistema Penitenciário.

Segundo o titular da Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, delegado Vitor Poubel, o grupo fugia em quatro carros, inclusive um blindado, para o morro de São Carlos quando foram abordados por pelo menos 10 homens da Polícia Federal entre a Gávea e o Leblon.
Os traficantes Anderson da Rosa Mendonça, o Coelho, e Sandro Luís de Paula Amorim, conhecido como Lindinho, Peixe ou Foca, que são chefes do morro de São Carlos, no Estácio, na zona central foram presos.
Os outros presos são: Paulo Roberto Lima da Luz, conhecido como “Paulinho”; Varquir Garcia dos Santos, conhecido como “Carré”; Sandro Oliveira; Carlos Daniel Ferreira Dias, policial civil lotado na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública; Carlos Renato Rodrigues Tenório, policial civil lotado na Delegacia de Roubo e Furtos de Cargas; Wagner de Souza Neves, policial civil lotado na Delegacia de Roubo e Furtos de Cargas; José Faustino Silva, policial militar aposentado e Flávio Melo dos Santos, ex-policial militar.
Com o bando foram apreendidos três fuzis, um deles prateado e dourado, cinco granadas, 11 pistolas e uma bomba de gás lacrimogêneo, uma quantidade ainda não contabilizada de dinheiro (incluindo euros), joias, celulares, computadores, distintivos das polícias Civil e Federal, além de uma tornozoleira eletrônica usada pela Secretaria de Administração Penitenciária para monitorar presos em regime semiaberto.
De acordo com Poubel, a Polícia Federal estava monitorando desde a semana passada a possível fuga dos traficantes e nesta quarta-feira recebeu a informação de que os bandidos poderiam fugir.
No início da tarde, o corregedor da Polícia Civil, Gílson Emiliano, havia recebido uma denúncia de que o chefe do tráfico na Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, fugiria da favela escoltado por policiais civis e militares. Diante desta informação, ele mandou cercar os acessos à comunidade e revistar carros suspeitos.
Segundo o delegado Vítor Poubel, o traficante Nem teria permanecido na Rocinha.
Os agentes estão fixados em dois pontos e revistam vans e motociclistas que passam pela região.
A comunidade deve ser ocupada nos próximos dias para implantação da 19ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio.
Investigações feitas pela 15ª DP (Gávea) apontam que o traficante Nem, tem dito aos moradores da favela que vai resistir contra a ocupação policial. Ele, no entanto, já estaria andando com três seguranças e uma grande quantia de dinheiro para uma provável fuga.
"Ele fala em resistência para não perder a autoridade entre os subordinados, mas já temos informes sobre planos para escapar", disse o delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto. Entre os destinos prováveis de Nem estariam o Estado da Paraíba, a cidade de Macaé (no Norte Fluminense) ou o conjunto de favelas da Pedreira, em Costa Barros no subúrbio do Rio.
Na noite desta quarta-feira (9), em entrevista coletiva, o delegado Poubel afirmou que a Polícia Federal tem informações de que o traficante Nem continua escondido na favela da Rocinha.
Por causa da iminente ocupação policial, Nem decretou desde quinta-feira passada um toque de recolher do comércio e moradores, segundo informações da polícia. O traficante também limitou a circulação de motociclistas.
Os líderes comunitários negam o toque de recolher. “É impossível, porque aqui as pessoas trabalham e o maior movimento do comércio é à noite", disse o presidente da União Pró-Melhoramentos da Rocinha, Leonardo Rodrigues Lima, o Leo.

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