quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Rebanhos morrem com a falta de água e rios viram estradas no Piauí


A maior seca desde 1952 no Piauí atinge muito além da população e faz vítimas entre os animais, dessa vez, é a criação que fica diretamente prejudicada. Rebanhos inteiros tem morrido pela falta de pasto , alimento que sustenta a vida das centenas de cabeças de gado criadas no semiárido do Piauí.

Fotos: Reprodução / TV Cidade Verde

Grandes rios como o rio Piauí, costumavam abastecer toda a cidade de Jurema, a 581 km da capital, e também os criadores de bodes e de bois. Hoje o rio desapareceu e o trajeto deixado pela água serve de estrada para caminhões pipa, que levam água para amenizar o sofrimento dos moradores.

No segundo episódio da série "Seca: O Desafio da Sobrevivência", a TV Cidade Verde mostrou o drama dos criadores que veem a morte do gado que alimentam e se sacrificam para diminuir os prejuízos causados pela estiagem.


Deocleciano Assis, é um dos que se sacrifica para despertar o gado magro e evitar que ele precise ser vendido, pois o preço é muito reduzido. "Não tem resultado eu vender baratinho, eu faço tudo pra sustentar eles", explica o criador.



Produtores como ele já se tornaram exceção no Piauí. Segundo dados da Federação da Agricultura, 500 mil cabeças de gado já morreram no Estado. No lugar onde havia vida, agora o que existe são currais vazios. Seu Manoel Pereira dos Santos, comenta  que se rendeu ao ver os primeiros animais tombarem pela estrada. "Vendemos até as coisinhas da gente por causa da seca, já estamos desesperados", desabafou o produtor.


Segundo estimativa da Associação Piauiense de Caprinos e Ovinos entre 70% e 80% do rebanho desta criação está sendo afetada por causa da falta de alimentos e, principalmente, de água, e a desvalorização chegou a níveis alarmantes. Hoje se compra uma cabeça de gado por um preço três vezes menor que no passado. Um desafio que mata bois e vacas, mas também mata gente. Acumula percas na criação e a tristeza no lamento de quem sofre este flagelo.


A solução alternativa encontrada por alguns criadores é cortar palmas e mandacarus para servir de alimento ao boi. Quando o som das forrageiras aparece, é sinal de que o gado sofre. Já dizem os mais sábio criadores "boi que come mandacaru não engorda mais não cai", e o alimento tem salvado os rebanhos em uma seca inacreditável, onde até mesmo a palma e o mandacaru, plantas resistentes a grandes períodos sem chuva, estão morrendo.


Em outras regiões a solução é a queima da macambira, que sacrifica o trabalhador do campo. Dona Santana de Sousa desabafa sobre as dificuldades em alimentar a criação. "Tem dia que a gente acha que vai morrer, eu não quero ver meus bichinhos morrerem de fome. É triste, estou aqui, mas quase não aguentando mais", lamentou.


A seca castiga as comunidades e deixa pelo caminho as carcaças dos que não resistiram ao sacrifício, palavra que descreve a fala de seu Deocleciano, e que resume todo o sofrimento daqueles que tem que conviver com essa realidade. "Dei para eles a comida. Eu prefiro ficar com fome do que eles, meu criatório tá com a barriga cheia e eu com a barriga seca", conclui o criador.




TV Cidade Verde exibe o segundo episódio da série "Seca: O Desafio da Sobrevivência" e mostra o drama dos criadores

FONTE:http://www.cidadeverde.com/rebanhos-morrem-com-a-falta-de-agua-e-rios-viram-estradas-no-piaui-118060

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