quinta-feira, 7 de março de 2013

Promotor pede a pena máxima para Bruno pela morte de Eliza Samudio

Promotor (à direita) fala com Dayanne, observada pelo advogado de defesa, Tiago Lenoir

O promotor Henry Vasconcelos, responsável pela acusação no julgamento do goleiro Bruno Fernandes , pediu a absolvição da ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues, acusada pelo sequestro de Bruninho, filho dele com Eliza Samudio.
“Dayanne foi manobrada por aqueles marmanjos. Bruno deixou a mãe de suas filhas à mercê de Zezé (o ex-policial José Lauriano). E também não atendeu suas ligações quando ela estava na delegacia. Peço que absolvam Dayanne. Ela não agiu porque estava sendo pressionada e manobrada por Zezé. Ele estava com Bola (o também ex-policial Marcos Aparecido dos Santos) na hora da execução”, disse o promotor.
Enquanto Vasconcelos falava, Dayanne chorava copiosamente. O pedido de absolvição aconteceu antes mesmo da manifestação da defesa da ex-mulher de Bruno.
A primeira fase dos debates durou 2h30, período que foi dividido entre promotoria e assistentes. Em sua primeira hora, Henry buscou traçar um perfil do goleiro, que seria “um canalha, criminoso e facínora”. O promotor citou ainda que o goleiro sempre foi envolvido com o narcotráfico e apontou relações do jogador com traficantes do Rio de Janeiro. “Um menino que deixou a favela, que a favela nunca saiu de si.”
Aproximando-se dos jurados, Henry reafirmou a relação de Eliza e Bruno a partir da bilhetagem dos números telefônicos. A partir de dados apreendidos no computador de Eliza, o promotor tentou mostrar ao júri a relação conflituosa do casal. “Terra de Bruno vou só com passagem de ida. Vão me matar lá. Tu ri porque não é contigo. O Bruno é maluco”, disse Eliza à uma amiga em um bate-papo na internet.
Para a acusação, Eliza foi ao Rio para ser enrolada com promessas de pensão e exame de paternidade. ”Que homem ocupado é esse? Deve ser a profissão que mais demanda atividades. Não tinha tempo para exames, mas não faltavam momentos para os bacanais”. Enfático, Henry pediu a total condenação de Bruno, incluindo todas as qualificadoras do crime. Segundo ele, o goleiro foi um articulador de todos os cenários e “comandou seus protetores”. “Mais fácil tirar um dente sem anestesia da boca do que a verdade dessa desgraça. Nem a defesa dele conseguiu fazer ele confessar”.
Henry continuou ainda a criticar a postura da defesa, que “com um interrogatório mentiroso”, busca a redução de pena do jogador. “Durante todo esse processo, a defesa de Bruno tem sido uma prostituta escarlate. Ora vai para uma, ora vai para outro. Vai para o lado ou se mistura”. A série de ofensas e adjetivos ao réu despertaram risos na plateia. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues precisou pedir silêncio no plenário.
Provocações
Bruno e Dayanne acompanharam a apresentação da promotoria e de seus assistentes. Apático, o ex-goleiro tinha momentos em que ficava com a cabeça baixa e outros em que se arrumava na cadeira. Já Dayanne, teve momentos de choro e ansiedade. Ela se manteve atenta durante todo o discurso da promotoria. Com os primeiros botões da camisa aberta, ela colocou a mão no peito e assim permaneceu até o final. Bruno, sempre olhando para baixo, parecia não se importar com os adjetivos e ofensas direcionadas a ele, como outra frase do promotor: "O futebol perdeu o goleiro razoável, mas a dramaturgia ganhou um excelente ator."
Ingrid Calheiros, atual mulher do jogador, por exemplo, viu seu nome e seu casamento ser julgado várias vezes por Henry. “E Bruno lá sabe o que é verdadeiro amor? Nunca conseguiu ficar apenas com uma mulher”. Em outro momento, o promotor leu uma carta que foi enviada por Bruno a Fernanda, sua ex-namorada, de dentro do presídio, com conteúdo pornográfico.
Já noivo de Ingrid à época, o goleiro teria se declarado para Fernanda, que chama de “amor” no texto, pedindo fotos e contando que estava com saudades. Nesse momento, Henry elevou sua voz e olhou para Ingrid, que pareceu não se importar com a provocação. Em um terceiro momento, quando a acusação leu uma mensagem de Eliza, onde comentava as frequentes relações sexuais com o jogador, Ingrid foi vista retocando sua maquiagem.
 
Acordo
Segundo fontes ligadas à defesa e ao Ministério Público, o pedido de absolvição do promotor é fruto de um acordo pelo qual Dayanne entregaria Zezé em troca da absolvição. Na manhã desta quinta-feira a defesa pediu que Dayanne fosse interrogada novamente. No novo depoimento, ela disse que Zezé participou do assassinato de Eliza. O ex-policial é alvo de um inquérito que apura sua participação no crime.
Ao deixar o fórum para o período de almoço, Sônia Fátima de Moura, mãe de Eliza, mostrou-se descontente com o desenrolar dos trabalhos. “Não gostei. Estou decepcionada e indignada”, disse. Com o final do intervalo, a defesa dos réus terá outras 2h30 para explicar aos jurados sua versão dos fatos. Após isso, promotoria poderá decidir pela réplica, o que garante a defesa uma tréplica. Feito isso, os jurados serão levados para uma sala reservada e deverão decidir o futuro dos réus. 
FONTE:http://www.tribunadabahia.com.br/2013/03/07/promotor-pede-pena-maxima-para-bruno-pela-morte-de-eliza-samudio

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