terça-feira, 27 de novembro de 2012

DEVERIAM SE UNIR CONTRA A VIOLÊNCIA E AS INJUSTIÇAS DO NOSSO BRASIL-'Unidos do "Veta, Dilma"' toma a Avenida Rio Branco, no Rio


DEVERIAM SE UNIR CONTRA A VIOLÊNCIA 


E AS INJUSTIÇAS DO NOSSO BRASIL

Manifestação contra a lei que altera a partilha dos royalties do petróleo coloca diferentes blocos políticos (e festivos) no mesmo ritmo na Cinelândia

“Quem tá apaixonado dá um berro! Quem tá solteiro levanta o braço!” Era assim que o homem no palco da Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, tentava animar a multidão reunida no final da tarde desta segunda-feira (26) para protestar contra a nova lei que altera a partilha dos royalties do petróleo. Parecia mais uma festa. E era.
Com o trânsito interrompido desde de manhã, parte do Centro do Rio estava preparada com telões, banheiros químicos e grades de contenção em pontos estratégicos para receber os manifestantes convocados pelo governo fluminense. A intenção do governador Sergio Cabral, que decretou ponto facultativo nas repartições públicas para fortalecer o movimento, é pressionar a presidente Dilma Rousseff a vetar parte da lei que reduz os ganhos dos Estados e municípios produtores de petróleo.
Como todo protesto no Rio, o tema fugia um pouco da pauta. A começar pelas músicas tocadas, hits que a multidão cantava empolgada. "Eu quero tchu, eu quero tcha", ou "ai ai, assim você mata o papai. Ai, se eu te pego". Quem respondia aos apelos do animador ganhava camisas do protesto com os dizeres “Veta, Dilma!” E para ganhar não adiantava pedir, dizia o homem no palco, tinha que “sacudir”.
O desejo de manter os royalties no Estado do Rio formou alianças bastante improváveis, além da notória união de Rosinha Garotinho, prefeita de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e o governador Sergio Cabral. Onde mais encontrar lado a lado o movimento estudantil e a juventude peemedebista? Mais inesperado ainda foi o protesto de funcionários demitidos da Webjet, todos de uniforme verde. O que a Webjet tem a ver com os royalties? “Nós não deixamos de fazer parte da indústria do petróleo! E se estamos brigando pelas coisas do Rio, não custa lembrar que a Webjet era a única empresa aérea legitimamente carioca”, dizia Marcelo Bona, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas à frente da manifestação. Ah, bom. Enquanto isso, um dos carros de som, carregado de funkeiros, transformava a palavra de ordem da passeata em batidão, com direito a “popuzudas” do funk e rebolados até o chão. "Veta-veta-veta-veta-veta-veta...".
Mesmo quem "odeia" o governador compareceu. Um grupo de militantes do Anonymous, ativistas que agem como hackers em protestos virtuais e aproveitaram para reclamar das políticas públicas de Cabral, estava lá. Todos com máscara do conspirador inglês Guy Fawkes, acusado de tentar explodir o Parlamento e matar o rei no século 17, mais conhecido pelo filme V de Vingança. Junto deles, havia também um grupo de índios – vestidos a caráter – da Aldeia Maracanã, uma ocupação dentro do prédio abandonado do Museu do Índio, no Rio. Eles protestavam contra a remoção da taba instalada na área para as reformas do estádio. Um grupo de no máximo 20 índios e Anonymous resolveram parar atravessados na Avenida Rio Branco para impedir a passeata pelos royalties. Um partidário do governo do Estado partiu para cima de alguns manifestantes com socos. A confusão foi logo controlada pelos próprios manifestantes.
Os fantasiados já são figuras obrigatórias nas passeatas do Rio. Roberto Vilela, de 48 anos, cover do rei Roberto Carlos, estava cercado por um aglomerado de funcionárias públicas interessadas em tirar fotos com ele. Elas cantavam “Esse cara sou eu”, sucesso da novela Salve Jorge. E Roberto não estava só. Levou dois amigos: um fantasiado de Michael Jackson; outro, do deputado federal Tiririca. Mais à frente, estava Alberto Travezedo, 73 anos, vestido de... papa. Mas por que de papa? “Eu saio todo ano de papa no carnaval”, disse. Ah, bom. Perto deles, uma senhora passou correndo com uma placa: “A Ilha de Paquetá pede: Veta, Dilma!” Resta saber se a festa carioca vai conseguir o que pretendia: convencer Dilma.

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