segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Esposa abraça amigo durante enterro do cinegrafista da Band, Gelson Domingos

Edilene, esposa de Gelson Domingos, abraça amigo durante enterro

A segunda-feira começou diferente para todos os jornalistas da cidade do Rio de Janeiro. Menos um colega na equipe. No velório do cinegrafista Gelson Domingos, 46, da TV Bandeirantes, morto com um tiro de fuzil ontem (6) em uma troca de tiros entre policias e traficantes na favela dos Antares (zona oeste do Rio de Janeiro), a fala do repórter Ernani Alves, 32, que acompanhava o cinegrafista, confortava a todos os presentes.


“Só vou descansar quando o bandido que matou meu amigo estiver preso. Já temos o nome de um possível traficante que atingiu nosso amigo. Existe até a possibilidade de ele ser preso ainda hoje. Estou acompanhando todas as investigações com a polícia”, disse o repórter que há dois meses trabalhava com o cinegrafista.

Ricardo Domingos, irmão do cinegrafista morto, disse que ele “amava o que fazia”. “Ele era muito forte. É um vazio que fica e também chama a atenção de todos, pois poderia ser um de vocês. Agora, ele é uma estatística. Espero que outras famílias como a nossa não venham a sofrer. Alguma coisa tem que ser feita”, disse o irmão, muito abalado.

Para Rogério Marques, 61, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, o ocorrido é um alerta para a imprensa. “As empresas de comunicação têm que desestimular a presença de repórteres ao lado do policial, na linha de frente do tráfico. Assim, ele se torna alvo fácil.”

O coronel Frederico Caldas, coordenador de comunicação social da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, disse que o cinegrafista "era muito querido". "As lágrimas são invisíveis, mas o nosso sentimento é profundo. A operação foi planejada pela inteligência do Choque com o apoio do Bope. O que aconteceu foi uma fatalidade, e não devido a uma postura da PM. Os jornalistas têm que pensar o seu limite. A PM não tem autoridade para aprovar ou não a entrada da imprensa em operações. Até que ponto vale buscar a informação a qualquer preço?”, questiona.

O âncora do Jornal da Band, Ricardo Boechat, diz que o tráfico no Rio é uma realidade que não se pode ignorar. “Ninguém recebe a orientação: vá lá e se mate para trazer a informação. É como dizer a um correspondente de guerra para deixar de fazer o seu trabalho. O profissional que está em campo que entenda o que é oportuno fazer”, disse.

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